27/10/2015

Aqui dentro.

Há algumas semanas que me sento no quarto dos miúdos até adormecerem. Normalmente, lia a história, enchia cada um deles com mil beijos e ia embora tratar do resto da casa. Agora, gosto de ficar a ouvir a respiração pesada de quem acabou de adormecer. Gosto de perceber que até a dormir eles são tão diferentes.
Sinto-os a acalmar, o barulho a chuchar na chucha cada vez mais fraco, o ninho que cada um faz até adormecer. 
Fico aqui no escuro até me fartar ou, mais frequentemente, até adormecer embalada no quentinho de um deles. 

Junto deles sinto-me em paz. Sinto-me completa: não preciso mais nada para ser feliz. Sinto-me amada e sinto o Amor incondicional. Sei ainda que sou uma sortuda porque não tenho apenas um grande Amor: tenho três.
Para lá daquela porta, o mundo ruiu. Mas aqui dentro, está tudo exactamente no sítio certo. 

18 meses

Ano e meio de Princesa na minha vida. 18 meses de sorriso doce, olhar curioso, caracóis dourados.

Está teimosa, faladora, espertalhona. Não deixa que lhe dêem a mão na rua, não deixa que lhe dêem de comer, usa o bacio como se nunca tivesse usado uma fralda na vida. Come maçãs inteiras com casca e tudo, se eu deixar está sempre a comer. É vaidosa, tem uma panca com sapatos, adora brincar com carros e com loiças. Canta e dança a toda a hora, ajuda-me a fazer a sopa e a estender a roupa. Ajuda-me com os manos: "Nanuuuu, mêja!" mas está sempre às turras com o Manu:

- Mamã, Nanu bateu.
- Oh, deve ter sido sem querer. Bateu onde?
. Atiiii!!!

18 meses de miúda gira.
Parabéns, little miss T. Obrigada por dares muito mais cor à nossa casa.





25/10/2015

Quando é que se desiste de lutar? Como é que se troca um futuro planeado e pensado ao segundo por uma felicidade incompleta? Como é que tantas certezas e promessas de desfazem em pó? Como vai ser, a partir daqui, esta meia vida que me foi imposta?

"Se a vida te puxa o tapete, salta", dizem eles.

Eles não sabem nada de nada.

17/10/2015

Tenho um filho no 1º ano!

O processo de aprendizagem está a ser maravilhoso.
Sou filha de professora, por isso tenho muitas noções (ainda que muito gerais) dos métodos de ensino básico: sempre gostei de ajudar a minha Mãe a planificar as aulas, a organizar os trabalhos dos alunos, sempre gostei de a visitar em sala e sempre que a visitava tentava participar.
Quando conheci o Professor do António, estava cheia de medo porque sabia que o método usado não era o convencional. Eu conhecia o método. Sabia que ele não iria ter manuais nem TPC's nem fichas. Sabia que ele não ia aprender o aeiou nem encher páginas de letras i's só porque sim. Sabia que era ele quem ia decidir o que aprender e com que ritmo. Sabia que ia ter meninos do 1º e 2º ano na mesma sala de aula. Ainda assim, fui com medo que o meu "bebé" não se adaptasse.
Apesar desse receio, que passou na primeira reunião individual com o Professor, nunca duvidei que era aquilo que eu queria para o meu filho. Que eu queria para nós: que o seu ritmo fosse respeitado, que a curiosidade fosse espicaçada, que ele seria provocado e levado a pensar muito mais além. Nunca duvidei do Colégio (que já conhecemos e que ele já frequenta desde o primeiro ano de vida), nunca duvidei do método (que ele já pratica desde que entrou no Colégio) e, acima de tudo, nunca duvidei do Professor que, apesar de ser novo no Colégio, foi por ele escolhido criteriosamente. Logo, para mim, foi a melhor escolha.
Todos os domingos, o Professor envia por mail o "resumo da semana": uma mail (enorme) com tudo o que os miúdos fizeram, programaram, deixaram por fazer. Todos os domingos fico com a ideia clara do ambiente que se viveu naquela sala, quase ouço as suas dúvidas, quase vejo os olhos atentos, os dedos no ar, os lápis roídos nas pontas. Isto para mim vale ouro porque tenho um filho que não fala do que se passa na escola. Nunca falou.
Talvez tenha errado na profissão. Talvez devesse ter seguido os conselhos da minha Mãe e seguido a profissão dela. Talvez.
Por agora, estou a adorar vê-lo a aprender.

15/10/2015

Tão pequenino e já sabe tanta coisa...

No seu aniversário, o António recebeu de presente (entre outras coisas) uma nota de 20€. Para ele começar a dar valor ao dinheiro, expliquei quanto ele tinha e que podia comprar o que quisesse. Ele quis ir ao Continente comprar um brinquedo para ele e outro para o Manu.
Estivemos a ver imensas coisas e ele já percebia o que podia          ou não com prar com aquela quantia. Escolheu, levamos para a caixa, pagou, recebeu troco. Ao sair:
- Obrigado, Mamã! Estou muito feliz e adoro-te.
- Mas eu não fiz nada, António! O dinheiro era teu.
- Ah, pois é! Obrigado, dinheiro. Adoro-te!

12/10/2015

Pára de crescer já!!

Hoje, no caminho para casa, o António explicou que fizeram uma lista de palavras com EU: museu, meu, adeus. Ao chegar a casa, continuou a lista com o Pai: Eusébio, Matateu, Mateus. 
Feita a lista, o António disse que agora tínhamos que fazer frases com estas palavras. O Pai foi o primeiro:
J - Este é o teu candeeiro. Agora és tu. 
A - Este é o t' Eugénio de Andrade. 

10/10/2015

Mãe (post que devia ter saído no dia 15/9 mas não houve tempo)

Olhar para esta foto traz-me uma sensação de conforto. O colo, o olhar, o mimo. Aqui vejo a Maternidade.
A Mãe que aqui vejo é a minha. A bebé sou eu. Há 38 anos. 
É a Mãe-Avó-galinha, a Mãe-refilona, a Mãe-complicada. É a Mãe-colo, a Mãe-ajudante, a Mãe-apaga-fogos. 

A Mãe que vocês vêem é a minha e faz anos hoje. 

Parabéns, Mamã. 

06/10/2015

1º dia de aulas.

Nunca tive o primeiro dia de aulas. Tive, claro, mas não foi igual ao da maioria das pessoas.
Eu, praticamente, nasci numa escola primária: a minha Mãe foi Professora e eu ia sempre para a escola com ela. Estive durante algum tempo num Jardim de Infância. Pouco tempo. Então, passava os dias a saltar de sala em sala, a servir de boneca dos outros meninos (mais das meninas), a ser estragada pelas Auxiliares, a ser mimada pelas outras professoras.
O meu primeiro dia de aulas foi só mais um dia na escola. Não houve fotos, não houve cerimónia, não houve apresentação oficial da professora: eu conhecia-a desde que nasci (eu sou do tempo dos professores vinculados e efectivos e que seguiam as turmas do 1º ao 4º ano).

Foi com grande entusiasmo que eu vivi o primeiro dia de aulas do António. Este, não sendo, foi o MEU primeiro dia de aulas e estava mais nervosa do que ele. Claro que, no mesmo Colégio, com os mesmos colegas, com um Professor que já conhecia desde o início do mês, para ele foi só mais um dia.
Para mim foi a emoção do começo de um percurso de, espero, sucesso.
Tirei fotos, fixei caras felizes e sorrisos desdentados e, quando me fui embora, chorei na porta da escola.

Não fui a única.

05/10/2015

Encruzilhadas

Durante o nosso crescimento, habituamo-nos ficar perante encruzilhadas: caminhos que temos de escolher quando há duas ou mais hipóteses. A escolha da área de estudo, a escolha do curso, casar ou não, ter filhos ou não. Quanto mais velhos ficamos, menos cruzamentos vão aparecendo. A estabilidade é cada vez maior. Talvez por causa disso, perdemos o calo, tornamo-nos baratas tontas sem saber o que fazer.
São várias as hipóteses. São arriscadas, todas elas. A única que não é arriscada, mas nem por isso melhor, é ficar no mesmo lugar. 

BASTA!

Ok, vamos lá pôr isto a trabalhar. Chega de procrastinar porque as férias já acabaram, há muita coisa para dizer e já não se aguentam as desculpas para a falta de tempo (que por si só é uma desculpa).
Tive duas semanas em família que teve tanto de bom como de mau, mas isso já não é novidade. 
Tenho um pre-adolescente em casa: sim, eles crescem muito mais cedo do que nós crescemos e crises existenciais aos 5 anos é coisa nunca imaginada. Por isso, há dias que alternamos a disciplina positiva e o palmadex no rabo e a coisa vai-se fazendo. 
O do meio está cada vez mais do meio e não larga a minha perna quando saímos de casa. Literalmente. O regresso à escola foi difícil mas essa fase também já está ultrapassada. 
A mais nova está uma despachada e não há quem consiga dar-lhe colo ou a mão na rua. É pô-la no chão e vê-la a correr tipo Bip-bip que ninguém a agarra. Eu sou o coiote. À parte disso, está linda de morrer. 
Eu continuo com menos 10kg e, fisicamente, numa das melhores fases da minha vida. Quem disse que a vida começa aos 40 estava certo: eu estou quase lá!
Estas são as novidades mais mediatas. Mais novidades virão. 
Stay tuned!