18/07/2015

Da relatividade das coisas.

Na última vez que fui sozinha a um casamento (e este "sozinha" significa sem marido) estava grávida do Manuel e, com uma barriga de quatro meses, achei que podia vestir um vestido solto e uns saltos de 10cm. Como sou daquelas que sai da festa como entrou na festa, como é óbvio não levei outros sapatos. Aliás, isso nem me passa pela cabeça em festa alguma, muito menos num casamento. Não sei se foi por causa dos saltos, das hormonas ou de outra coisa qualquer, fui embora no meio da festa lavada em lágrimas e mais stressada que nunca. A quinta do copo-de-água tinha um lago e eu não consegui estar descansada sentada a jantar sabendo que o meu filho de três anos podia ir parar àquele lago sozinho (ele decidiu que não ia alinhar nas actividades da animadora). Eram nove da noite, eu estava esganada de fome, todos os convidados comiam, bebiam e divertiam-se e eu limpava a maquilhagem esborratada no jardim de uma quinta em Sintra atrás de uma criança curiosa. Peguei no puto e fui para casa. 

Foi por isto que eu fiquei de pé atrás quando me convidaram para um casamento: eu sabia que tinha que ir sozinha com os três miúdos porque o J ia trabalhar o dia todo. O casamento era no sábado, fui convidada na 5ª e comprei a roupa na 6ª. Decidi que não ia com saltos e escolhi umas calças largas bem ao meu estilo (34! comprei o 34!!!) e um top bem elegante mas confortável. A condição era poder pegar em filhos ao colo sem me preocupar se ia mostrar maminhas ou nádegas. Mais: levei as melhores e mais confortáveis sabrinas que tenho e estreei o carrinho de gémeos que compramos.

Não podia ter corrido melhor. Não me sentei 10 minutos seguidos, entre mudas de fraldas, sopa e dois pratos e ainda a sobremesa. Mas o sítio era muito acolhedor, não era muito grande e eu conseguia ver os miúdos no jardim quando estava na sala. Também ajudou tê-los vestido com um pólo encarnado: as crianças estavam todas de branco e os meus saltavam à vista. Dancei, conversei, comi (rápido e pouco) e, mais importante que tudo, relaxei. Os miúdos estiveram à vontade, comeram e brincaram, fizeram amigos e divertiram-se à brava. Claro que preferíamos ter vivido aquele dia com a companhia do Papá, mas foi importante para mim conseguir fazer isto sozinha.  

Conclusão: o tamanho dos saltos é inversamente proporcional à capacidade de divertimento em festas de arromba. Quanto mais altos, menos diversão. 
Lição a reter.