27/11/2014

Na alcofa.


As primeiras febres, o primeiro antibiótico, as primeiras ranhocas, as primeiras noites mal dormidas por estar doente. A Teresinha está comprida, elegante, bem disposta, simpática, meiguinha. Adora fazer festinhas a quem lhe dá colo, adora ver os manos, adora fruta. Come bem, bate palminhas, fica sentada. Continua com dois dentes, adora fazer brrrr enquanto come a sopa, deixando tudo sujo à sua volta e os meus nervos em franja.
Ah! E a primeira ida ao teatro. Portou-se lindamente, muito atenta durante todo o tempo! 

16/11/2014

Para onde vai o tempo que passa?*

Todas as manhãs a gazela acorda: ela sabe que tem de correr mais que o mais veloz dos leões para sobreviver.
Todas as manhãs o leão acorda: ele sabe que tem de correr mais que a mais veloz das gazelas, senão morre de fome.
Não importa se você é gazela ou leão: quando acordar, comece a correr.
(sabedoria africana)

Quando li esta história, identifiquei-me imediatamente. A minha vida passa com tanta velocidade que estou com sérias dificuldades em encontrar-me nela. Os miúdos crescem e eu já não consigo agarrar-lhes os momentos mais importantes. O trabalho exige tanto e a uma rapidez que eu já não consigo desfrutá-lo. O sono... ah, o sono: eu durmo a correr e acordo cansada (e sou uma sortuda porque durmo a noite toda).
Tenho a sensação que passo os dias a correr entre a gazela e o leão: corro para não ser comida e corro para comer. Nos escassos segundos que consigo parar, olho para o espelho e não me reconheço. Olho para a pessoa que dorme comigo e não o reconheço. Olho para os miúdos e quase não os reconheço.
Eu gosto da vida que tenho. Eu sinto-me feliz. Verdadeiramente feliz. Mas não quero viver a correr. Recuso-me.


* Pergunta ouvida no workshop de Escrita Habitual que fiz com a Dora.

03/11/2014

Na alcofa.




6 meses. Meio ano. Interinho!! Adaptou-se lindamente à escola, às rotinas, às sopas e papas e frutas novas. Tantos sabores novos, tantas experiências, tantos meninos, tantas viroses! Pois, uma semana depois de começar a escola chegou a ranhoca e ainda não a largou. Dorme noites inteiras (muitas delas, pelo menos), adormece sozinha, adora ver os manos a brincar, chama a nossa atenção. Está super atenta a tudo o que a rodeia e não dá trabalho nenhum. Está a crescer tão bem, esta filha!